Statement of CPPC on 65th Anniversary of World Peace Council

Saturday, July 25, 2015

65 years ago, more precisely in 1949-50, emerged a worldwide structure committed to the defence of Peace, solidarity and cooperation among peoples: the World Peace Council. Emanating from organizations of resistance against Nazi-fascism, political parties, trade unions and social movements, and the concerted action of personalities of various nationalities and professions, political convictions and religious beliefs, the worldwide Peace movement found expression in dozens of countries from all continents. For the first time in history it was possible to build a broad front of struggle for Peace, disarmament and sovereignty, against war, fascism, colonialism and all types of oppression of the peoples.

It was within the scope of this movement that in March 1950, the Stockholm Appeal against nuclear weapons was launched, collecting many millions of signatures worldwide and was crucial in preventing the repetition of the horror of Hiroshima and Nagasaki. It was this movement which, from the outset, repudiated NATO and its warmongering and expansionist aims and challenged the wars waged against the peoples of Korea, Vietnam, Yugoslavia, Iraq, Afghanistan, Libya, among others. It was the World Peace Council and its national member organizations which, side by side with the peoples of the world fought for the celebration of international agreements aimed at disarmament, namely nuclear, and the détente of international relations and, in particular, contributed to the success of the Helsinki Conference on Security and Cooperation in Europe, completed in 1975. It was the WPC that unreservedly supported the emancipation of the peoples of Asia and Africa from colonial rule, gave impetus to campaigns in favour of the peoples of Nicaragua, Cuba, Angola, South Africa, Palestine or Western Sahara and never faltered in its solidarity with the peoples victims of fascism.

Part of the history of this movement were prominent figures like the French physicists Frédéric and Irene Joliot-Curie, painter Pablo Picasso, poet Pablo Neruda, singer Paul Robeson or psychologist Henri Walon. Over the years millions devoted the best of their energies and capabilities to the Peace movement and the uplifting cause of building a more just and solidary world. The current generations of Peace defenders continue this path with the same determination and confidence.

Today, seven decades after the defeat of Nazi fascism in World War II and 65 years after the emergence of the worldwide Peace movement, serious threats hang over the peoples: the sources of aggression and war multiply, from the Middle East to Central Asia, from Eastern Europe to the Pacific, from Africa to Latin America; Western powers confront the Russian Federation and China, with unpredictable consequences; the race to increasingly more sophisticated and destructive weapons and military spending shows no signs of slowing down.

Under pretexts such as “defence of human rights”, the 'fight against terrorism', “piracy”, “immigration” and “weapons of mass destruction", they foment war, destabilization of States and promote fascist, neo-Nazi, terrorists forces. All this to achieve the real purpose that hides behind interferences and wars: the plunder of wealth and resources, the control of markets and sources of energy and raw materials, the domination of sensitive areas of the globe and to limit the growth of the so-called emerging powers. In several countries reappear securitarian trends that limit rights; however in other countries we witness processes of democratic and progressive advances.

It is in this specific context that the Portuguese Council for Peace and Cooperation intervenes today; it is in this specific situation that it is called to play an increasingly active, mobilizing and unifying role. We have in our favour the fact that the defence of Peace is in the interest of the peoples of the world, regardless of nationality, political convictions and religious beliefs, because it determines the welfare, progress, development, happiness and even the life of the planet. But we are also fully aware that wanting Peace is not enough; we have to defend it and act for it in a consistent, persistent and confident manner.

In view of the current threats and dangers it is more important than ever to mobilize wills and awaken energies in favour of Peace, respect for the sovereignty and independence of the States, the principles of the United Nations Charter and international law. Fight against war, demand the dissolution of NATO, general, simultaneous and controlled disarmament and the end of the arms race, raising our voice on behalf of people victims of aggression and interference, demand from the government - whichever it may be - a policy of peace, solidarity and cooperation with all peoples of the world.

Confident of the righteousness of its ideals and principles and to build a better future, the Portuguese Council for Peace and Cooperation (CPPC) reaffirms, with unwavering determination, its commitment to always act alongside all men and women who resist and intervene, at the national and international level, with the aspiration and conviction that it is possible to have a world of freedom, fairness, democracy, solidarity and Peace. With the same joy, conviction and determination shown by the founders of the Peace movement to which we belong, the CPPC today pursues its action, certain that war and oppression, no matter the strength of those who promote it, can be stopped and defeated.

CPPC Board of Directors

Nos 65 anos do Conselho Mundial da Paz

Há 65 anos, mais precisamente em 1949-50, surgiu uma estrutura mundial empenhado na defesa da Paz, da solidariedade e da cooperação entre os povos: o Conselho Mundial da Paz. Emanando de organizações de resistência ao nazi-fascismo, partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais e da acção concertada de personalidades de várias nacionalidades e profissões, convicções políticas e crenças religiosas, o movimento mundial da Paz teve expressão em dezenas de países de todos os continentes. Pela primeira vez na história foi possível erguer uma vasta frente de luta pela Paz, o desarmamento e a soberania, contra a guerra, o fascismo, o colonialismo e qualquer outra forma de opressão dos povos.

Foi no âmbito deste movimento que, em Março de 1950, se lançou o Apelo de Estocolmo, contra as armas nucleares, que recolheu largos milhões de assinaturas em todo o mundo, sendo determinante para que o terror de Hiroxima e Nagasáqui não se tenha voltado a repetir. Foi este movimento que, desde a primeira hora, repudiou a NATO e os seus objectivos belicistas e expansionistas e contestou as guerras movidas contra os povos da Coreia, do Vietname, da Jugoslávia, do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, entre outros. Foram o Conselho Mundial da Paz e as suas organizações membro nacionais que, lado a lado com os povos do mundo, se bateram pela celebração de acordos internacionais visando o desarmamento, nomeadamente o nuclear, e o desanuviamento das relações internacionais e que, nomeadamente, contribuíram para o êxito da Conferência de Helsínquia sobre Segurança e Cooperação na Europa, finalizada em 1975. Foi o CMP que apoiou sem reservas a emancipação dos povos da Ásia e de África do domínio colonial, que dinamizou campanhas em prol dos povos da Nicarágua, de Cuba, de Angola, da África do Sul, da Palestina ou Saara Ocidental e que nunca hesitou na solidariedade aos povos vítimas do fascismo – como, até 1974, foi o caso do povo português.

Da história deste movimento fizeram parte figuras tão destacadas quanto os físicos franceses Frédéric e Irene Joliot-Curie, o pintor Pablo Picasso, o poeta Pablo Neruda, o cantor Paul Robeson ou o psicólogo Henri Walon. Foram ainda seus activos protagonistas os portugueses Manuel Valadares, Maria Lamas, Ruy Luís Gomes, Alves Redol, Fernando Lopes-Graça e Francisco da Costa Gomes, só para referir algumas personalidades mais conhecidas e já desaparecidas. Ao longo dos anos foram milhões os que dedicaram o melhor das suas energias e capacidades ao movimento da Paz e à exaltante causa da construção de um mundo mais justo e solidário. As actuais gerações de partidários da Paz prosseguem este caminho com a mesma determinação e confiança.

Hoje, sete décadas após a derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial e 65 anos sobre o surgimento do movimento mundial da Paz, graves ameaças pairam sobre os povos: os focos de agressão e guerra multiplicam-se, do Médio Oriente à Ásia Central, da Europa de Leste ao Pacífico, de África à América Latina; as potências ocidentais confrontam a Federação Russa e a China, com consequências imprevisíveis; a corrida aos cada vez mais sofisticados e destruidores armamentos e as despesas militares não mostram sinais de abrandamento.

Sob pretextos como a «defesa dos direitos humanos», o «combate ao terrorismo», à «pirataria», à «imigração» e às «armas de destruição massiva», promove-se a guerra, a desestabilização de Estados e a promoção de forças de cariz fascista, neo-nazi, terroristas. Tudo para que sejam atingidos os reais propósitos que se escondem por detrás das ingerências e das guerras: o saque de riquezas e recursos, o controlo de mercados e fontes de energia e matérias-primas, o domínio de zonas sensíveis do globo e a limitação do crescimento das chamadas potências emergentes. Em vários países ressurgem tendências securitárias e limitadoras de direitos, no entanto, noutros países registam-se processos de avanço democrático e progressista.

É neste quadro concreto que o Conselho Português para a Paz e Cooperação intervém hoje; é nesta situação específica que é chamado a ter um papel cada vez mais activo, mobilizador e aglutinador. Temos a nosso favor o facto de a defesa da Paz ser do interesse dos povos do mundo, independentemente de nacionalidades, convicções políticas e credos religiosos, pois dela depende o bem-estar, o progresso, o desenvolvimento, a felicidade e a própria vida no planeta. Mas temos, também, a plena consciência de que querer a Paz não chega; é preciso defendê-la e intervir por ela de forma coerente, persistente e confiante.

Perante as ameaças e perigos actuais, também em Portugal é mais importante do que nunca mobilizar vontades e despertar energias em favor da Paz, do respeito pela soberania e independência dos Estados, dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. Lutar contra a guerra, exigir a dissolução da NATO, o desarmamento geral, simultâneo e controlado e o fim da corrida aos armamentos, levantar a voz em favor dos povos vítimas de agressão e ingerência, reclamar do governo – qualquer que ele seja – uma política de paz, solidariedade e cooperação com todos os povos do mundo, como obrigam os três primeiros pontos do artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa. Estas são causas actuais e mobilizadoras.

Confiando na justeza dos seus ideais e princípios e na construção de um futuro melhor, o Conselho Português para a Paz e Cooperação reafirma, com inabalável determinação, o seu compromisso de sempre agir lado a lado com todos os homens e mulheres que resistem e intervêm, no plano nacional e internacional, com a aspiração e a convicção de que é possível um mundo de liberdade, justo, democrático, solidário e de Paz. Com a mesma alegria, convicção e determinação demonstradas pelos fundadores do movimento da Paz a que pertencemos, o CPPC prossegue hoje a sua acção, certo de que a guerra e a opressão, por mais força que tenham os que a promovem, podem ser travadas e derrotadas.

Direcção Nacional do CPPC